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Diretor do Instituto Butantan celebra tratamento inovador contra o câncer em SP

Na última semana, o tratamento inovador contra o câncer, feito com células reprogramadas do próprio paciente e inédito na América Latina, ganhou destaque ao ser conduzido por pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Um dos integrantes da equipe é o diretor do Instituto Butantan e coordenador do Centro de Terapia Celular e do Instituto Nacional de Células-Tronco e Terapia Celular, Dimas Tadeu Covas, ao lado do coordenador do Laboratório de Terapia Celular Avançada da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, Renato Cunha, e de um time de profissionais do HC de Ribeirão Preto, também com apoio do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).

Exame

Na ocasião, o paciente, um funcionário público aposentado, morador de Belo Horizonte, em Minas Gerais, recebeu a informação de que um exame de imagem realizado no HC constatou que o linfoma em fase terminal, que dava como prognóstico a ele apenas mais um ano de vida, tinha entrado em remissão total, ou seja, nenhum sinal de células cancerígenas foi encontrado.

O mineiro recebeu alta no último sábado (12) e deve retornar a Ribeirão Preto em três meses para refazer os exames. Ele só será considerado curado, de fato, se durante os próximos cinco anos não surgirem indícios de novas células cancerígenas, o protocolo usual no caso desse tipo de doença.

O diretor do Instituto Butantan, vinculado à Secretaria da Saúde do Estado, permanece confiante que o tratamento é definitivo. “Neste momento, não há manifestação da doença. Ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história milagrosa e com final muito feliz”, celebrou Dimas Tadeu Covas.

Início do tratamento inovador

Por não reagir a nenhum outro tratamento e estar muito debilitado, o paciente foi selecionado para passar pela terapia experimental como último recurso, o chamado “uso compassivo”. Ele foi incluído no protocolo de pesquisa e recebeu o novo tratamento com as chamadas células CAR-T no início do mês de setembro, permanecendo em observação no HC.

Nessa terapia, os linfócitos T (um tipo de célula do sistema imunológico) foram coletados do sangue do próprio paciente e alterados em laboratório para que reconhecessem e atacassem as células cancerígenas ou tumorais. Depois de cultivados e multiplicados, eles foram injetados de volta ao corpo dele por meio de infusão.

O paciente, que mal conseguia levantar da cama, em quatro dias depois de passar pelo tratamento já não sentia mais dores, em uma semana voltou a andar e, vinte dias depois, os exames não detectaram células cancerígenas no organismo.

Mais voluntários

O grupo de pesquisadores envolvido no tratamento inédito pretende, agora, iniciar um protocolo de pesquisa com um número maior de voluntários. “Já temos outros dois pacientes com linfomas de alto grau em vias de receber a infusão de células reprogramadas”, destacou Renato Cunha, coordenador do Laboratório de Terapia Celular Avançada da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto.