Pular para o conteúdo

Secretaria da Saúde alerta sobre envenenamento por acidente com taturana

A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta a população sobre envenenamento por acidente com taturana. A pessoa que entra em contato com o animal pode desenvolver um quadro hemorrágico grave. Nesse caso, ela precisa receber o soro antilonômico (SALon) em até 12 horas após o início da intoxicação para obter os melhores resultados. A pasta registrou 685 casos relacionados ao fato nos últimos cinco anos, mas nenhum óbito decorrente desse tipo de envenenamento nos últimos 15 anos. 

Recentemente, um homem de 73 anos deu entrada no Hospital Regional do Vale do Paraíba, em Taubaté, e precisou ser internado na UTI apresentando complicações decorrentes do contato com taturana. Ele ficou internado por 19 dias antes de evoluir para um quadro estável e receber alta hospitalar. Neste ano, ao menos 116 pessoas sofreram acidentes envolvendo este tipo de animal peçonhento no estado de São Paulo. 

Segundo o doutor Gilson Ruivo, Coordenador Médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Regional do Vale do Paraíba (Taubaté/SP), é preciso tomar alguns cuidados para evitar esse tipo de acidente, especialmente “ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem ou em qualquer outro ambiente silvestre, observar bem o local, troncos, folhas e gravetos antes de manuseá-los, fazendo sempre o uso de luvas. Dependendo da lagarta, os sintomas podem tratados com medidas para alívio da dor, como compressas frias ou geladas. No caso de suspeita de acidente com taturana, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o profissional de saúde avalie a necessidade de administração do soro antilonômico (SALon)”. 

Acidentes com lagartas são um problema de saúde pública, com 42 mil casos registrados todos os anos no país. A taturana é uma lagarta da espécie Lonomia obliqua, natural de países como Brasil, Uruguai e Argentina. Envolvendo apenas essa espécie, foram 42.264 acidentes entre 2007 e 2017, sendo 248 casos graves e cinco mortes. 

Comparativamente, o número de casos no estado de São Paulo é baixo em relação ao resto do país, mas os números dos primeiros três meses de 2023 já representam mais de 70% do total do ano passado. Assim, é recomendado ficar em alerta em regiões arborizadas onde a taturana pode estar presente, especialmente nos meses entre novembro e abril, quando o animal aparece mais. 

O envenenamento ocorre ao tocar as cerdas espinhosas que cobrem o corpo do animal. Os sintomas incluem lesões na pele semelhante à queimadura no local de contato, com dor, inchaço e bolhas na região. O indivíduo pode apresentar dor de cabeça, ansiedade, náusea, vômito e, menos frequentemente, dor abdominal, hipotermia e pressão baixa. 

A gravidade da intoxicação pode ser leve, em que se trata apenas os sintomas, ou mais grave, em que se desenvolve quadro de hemorragia interna e exige soroterapia intravenosa. Em 12% dos casos, pode resultar em insuficiência renal aguda, principalmente em pessoas com mais de 45 anos. 

O veneno da taturana afeta a coagulação do sangue e é especialmente perigoso para os idosos, ou se há contato com muitos animais ao mesmo tempo. Isso é comum, uma vez que as lagartas se agrupam nos troncos das árvores durante o dia, quando não estão se alimentando, ou quando ficam próximas do solo, ao se prepararem para virarem casulos, estágio anterior a se tornarem mariposas. Os casulos e mariposas não oferecem risco de contato para humanos. 

O Instituto Butantan é o único laboratório no mundo que produz o soro antilonômico, obtido a partir do plasma de cavalos imunizados. O Butantan desenvolveu o antídoto em 1994 e ele já é um imunobiológico aprovado e de utilização de rotina nos casos deste tipo de acidente.