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Secretaria da Saúde registra mais de 15 mil crianças beneficiadas pelos Bancos de Leite Estaduais em 2023

A Secretaria de Estado da Saúde aponta que as unidades da Rede Paulista de Bancos de Leite atenderam 14.239 mulheres doadoras de leite materno, com a coleta de mais de 19 mil litros, beneficiando mais de 15 mil recém-nascidos em todo o estado de São Paulo até o final de abril de 2023. Nesta sexta-feira (19), é celebrado o Dia Nacional de Doação do Leite Humano, que coincide com a data mundial de observação desta prática essencial.  

A doutora Andrea Penha Spinola Fernandes, coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros, reforça a importância da doação e afirma que “um litro de leite materno pode alimentar dez bebês internados nas unidades neonatais. Toda lactante saudável pode doar qualquer volume de leite, mesmo se não tiver muita produção”. 

A Rede manteve, nos quatro primeiros meses de 2023, o mesmo ritmo de trabalho de 2022, quando atendeu 44.448 doadoras e coletou 57,8 mil litros de leite, que foram distribuídos a mais de 41 mil crianças. Para se ter ideia do que isso representa, a média de recém-nascidos beneficiados anualmente por este tipo de doação em toda a Região Sudeste é de 44,5 mil.  

O nascimento prematuro é uma das principais causas de mortalidade infantil no Estado de São Paulo e no país. Os Bancos de Leite trabalham com foco na segurança alimentar, levando aos bebês internados nas Unidades Neonatais o leite da própria mãe, e quando não é possível, o leite da doadora, minimizando as intercorrências e sequelas da prematuridade como enterocolite, broncodisplasia pulmonar e retinopatia da prematuridade, reduzindo o risco de morte e melhorando o quadro de saúde dos recém-nascidos. 

Elaine Barbosa de Lima precisou dos serviços do Banco de Leite quando sua filha, Lauani, nasceu prematura no Hospital Leonor Mendes de Barros. Segundo ela, “precisou fazer o parto às pressas, com 28 semanas, no dia 8 de março, Dia da Mulher. Prematura extrema, ela foi para UTI e eu também fui para a UTI. O primeiro mês foi muito difícil. Ela precisou do leite de doadora desde os primeiros dias. O Banco de Leite me acolheu super bem, ainda na UTI, e levavam a maquininha de ordenha, me ensinaram a fazer a massagem, então eu tirava um pouco do meu e ela ainda recebia um pouco dos doadores”.  

Lauani começou a ganhar peso e se encontra bem, mas, de acordo com Elaine, ainda não tem previsão de ir para casa. “Antes de conhecer o Banco de Leite eu não tinha ideia. Eu achei maravilhoso, importantíssimo e entendi também que quanto mais você tira, mais você tem. Você não vai tirar do seu, você está disponibilizando amor, passando amor do seu filho para outros também. Há mulheres que tem muito leite, não sabem nem o que fazer e elas poderiam salvar vidas, mas não sabem. A minha filha é minha razão de viver e vale muito a pena.” 

A Rede Paulista de Bancos de Leite é composta por 58 bancos de leite humano e 49 postos de coleta de gestão municipal, estadual, filantrópico e da saúde suplementar. De suas atividades, 80% estão direcionadas ao manejo clínico do aleitamento materno, com o objetivo de ajudar as famílias na manutenção da amamentação, atuando como apoio e promoção ao aleitamento materno. Duas unidades são referências e coordenam toda a rede: Banco de Leite Humano Maria José Guardia Mattar, no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, localizado na capital, e o Banco de Leite Humano Anália Ribeiro Heck, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, no interior do estado. 

Aline Regina Gianetti descobriu os serviços dos Bancos de Leite por meio de uma amiga que acompanhou sua gravidez e pós-parto, e que também é doadora e viu a possibilidade de contribuir. “Ela viu que eu tinha bastante leite e me falou para doar, que era só procurar o banco de leite mais próximo. Eu entrei em contato, marquei para eles virem em casa, eles fizeram um exame de sangue e aí eles iam em casa duas vezes por semana para tirar o leite.” Para Aline, a prática trouxe bons resultados e ela afirma que “a experiência como doadora foi muito gratificante, porque sei que um pequeno gesto pode ajudar muito. Eu recomendo para todas as mulheres que têm esse privilégio, de ter bastante leite para contribuir, porque faz falta nas UTIs para os bebês que estão necessitando”. 

Orientações para a doação 

A SES alerta para a importância da doação de leite materno para o abastecimento dos bancos da rede estadual. A amamentação é uma ação de extrema importância para a saúde e desenvolvimento de bebês, principalmente os prematuros, que estão no início da vida. Esta ação solidária ajuda a salvar vidas.  

Para realizar doação de leite, o doador precisa: 

· Não ter recebido doação de sangue nos últimos 12 meses; 

· Não fazer uso de medicamentos incompatíveis com amamentação; 

· Preparar um vidro com tampa de plástico (lave em água corrente e leve para ferver. Ao levantar fervura, contar 15 minutos, escorrer e deixar secar naturalmente); 

· Identificar o vidro com seu nome completo e a data da primeira retirada; 

· Utilizando ordenhadeira, seguir a orientação do fabricante para esterilização dos apetrechos. Se a ordenha for manual, utilizar copos de vidro (previamente esterilizados como já descrito acima). Com as mãos higienizadas, massagear o seio em direção à aréola. Depois segurar o seio e, com os dedos polegares e indicadores, apertar para depositar o leite em recipiente esterilizado; 

· Utilizar touca e máscara (um lenço pode substituir a touca); 

· Procurar um ambiente calmo e tranquilo; 

· Desprezar os primeiros jatos de leite para começar a extração; 

· Ao término, colocar imediatamente o leite no vidro com tampa plástica e congelar (não refrigerar, apenas congelar); 

· Na próxima extração, colocar o leite por cima do leite que já está congelado até completar o volume do vidro respeitando o limite de “dois dedos” abaixo da tampa; 

· Na primeira visita, além de ser necessário a coleta de uma amostra de sangue para exames obrigatórios, o banco fornece vidros esterilizados, bem como touca e máscara. 

Informações sobre amamentação

· Se tiver Covid-19 e estiver em condições clínicas adequadas, a amamentação não é contraindicada. Inclusive estudos referem que anticorpos presentes no leite, podem ser passados para o bebê, protegendo-o contra sintomas graves da doença. 

· Doar leite não atrapalha a amamentação do seu filho. A produção do leite depende do esvaziamento da mama, por isso, quanto mais você amamentar ou extrair, mais leite vai produzir. 

· O leite humano descongelado não pode ser congelado novamente. 

· Não existe leite fraco, mesmo mulheres desnutridas conseguem amamentar e nutrir seus filhos. 

· Mamadeira, chupeta e bicos artificiais podem levar ao desmame, devido à confusão de bicos, entre outros danos que podem causar à saúde do seu bebê. 

· Estresse e nervosismo podem atrapalhar a produção de leite. 

· O leite materno é um alimento vivo, ele possui anticorpos que são transmitidos da mãe para o bebê, rico em compostos nutricionais e não conseguem ser reproduzidos pela indústria, além de ser sustentável, não gera resíduos e é gratuito. 

· O tipo de mamilo e/ou tamanho dos seios não são determinantes para a mulher não conseguir amamentar, ou produzir pouco leite. Em caso de dificuldade, procure o Banco de Leite Humano ou Posto de Coleta de Leite Humano mais próximo da sua residência. 

· Alimentos como canjica, cerveja preta, água inglesa, doces, entre outros alimentos, não aumentam a produção de leite materno. O melhor estímulo para a produção é o bebê mamando exclusivamente, em livre demanda, com a técnica adequada.